A partir do século XVI, povos de origem africana foram
escravizados e trazidos à força para o Brasil para servir de mão de obra
escrava a diversos campos de atividade que apoiavam a sustentação econômica da
colônia e de sua metrópole, Portugal, em diferentes momentos históricos:
plantio de cana-de- -açúcar (séc. XVI e XVII), exploração do ouro (séc. XVIII)
e cultivo de café (séc. XVIII e XIX), além de ser o comércio de escravos um
negócio altamente lucrativo.
Estima-se que aproximadamente 4,5 milhões de africanos
escravizados tenham sido trazidos para o território brasileiro nesse período.
Provenientes de pequenos agrupamentos ou de grandes reinos
africanos, diferentes em aspectos linguísticos, mas tendo alguma semelhança
cultural entre si, os africanos foram identificados por aqueles que os
comercializavam ou os compravam com nomes genéricos como minas, cabindas,
congos, cassanjes, angolas, benguelas e moçambiques.
Nomear nações ou etnias é uma forma de atribuir uma identidade
particular a um grupo, indicando, assim, que ele tem tradições, maneiras de se
comportar, de pensar e de falar que lhe são próprias e o distingue de outros
povos.
Os colonizadores não percebiam as diferenças existentes entre os
africanos, identificando-os, então, a partir de elementos como o porto em que
foram embarcados, a feira na qual foram vendidos ou o principal reino da região
de onde vieram.
Esta generalização perdurou bastante, pois a história da África
foi ignorada por muito tempo na educação brasileira, além de não haver
documentos históricos escritos, já que a maioria dos grupos sociais africanos
não possuía sistema de escrita. Atualmente, um trabalho de valorização da
história tradicional da África vem crescendo, principalmente pelas pesquisas em
Arqueologia e História oral.
A resistência dos africanos: os quilombos
Ao longo do período de escravidão no Brasil, não foram poucas as
manifestações de resistência dos africanos escravizados. O incorfomismo em
relação à condição de escravo e à vida imposta pelos seus senhores podia ser
notado diariamente.
Dentre estas manifestações de inconformismo, era comum os cativos
fugirem das terras nas quais serviam de mão de obra, para viver em aldeamentos
ou vilarejos distantes. Assim, muitos núcleos de escravos fugidos se formaram
em matas fechadas, tornando-se não só autossustentáveis do ponto de vista
econômico, como também servindo de fornecedores de produtos para vilas
próximas. Dentre outros nomes, esses aldeamentos passaram a ser chamados quilombos, e seus habitantes, quilombolas.
Como representavam uma ameaça ao sistema econômico baseado na
escravidão, os quilombos, em sua maior parte, eram atacados pelos
colonizadores. Os donos de cativos fugidos quando os recuperavam os puniam,
quase sempre publicamente para atemorizar os demais escravos.
Alguns desses aldeamentos, no entanto, tiveram vida longa e se
desenvolveram de forma muito expressiva, como é o caso, por exemplo, do Quilombo de Palmares, considerado um
dos maiores focos de resistência negra no Brasil. Este refúgio de escravos,
localizado na Serra da Barriga, região situada hoje no estado de Alagoas,
suportou diversos ataques por quase um século, sendo destruído em 1693. Seu
principal líder, Zumbi dos Palmares, acabou morto e teve a cabeça exposta em praça
pública.
Mesmo diante de tantas ameaças e punições, os escravizados
continuaram a resistir até a abolição da escravidão no Brasil, em 13 de maio de
1888. Essa conquista, porém, não significou o fim das lutas, pois pouca ou
nenhuma ajuda foi dada aos ex-escravos para que eles conseguissem se sustentar.
Assim, algumas comunidades remanescentes de quilombos sobreviveram até os dias
atuais. A maioria ainda luta pelo direito de propriedade das terras que ocupa,
pois, segundo a Constituição Federal, de 1988, e o Decreto 4.997, de 2003, os
descendentes de quilombolas têm o direito de definir, oficialmente, sua
comunidade como remanescente dos refúgios de escravos, passando a ter o direito
à posse da terra onde vivem. Até 2012 já haviam sido identificadas, oficialmente,
mais de 1.000 comunidades remanescentes dos quilombos, mas apenas cerca de 150
conquistaram a posse de suas terras. Veja no mapa a distribuição destas áreas
identificadas, reconhecidas e regularizadas legalmente.
Atividades:
1.
Explique por
que a África não pode ser considerada um continente homogêneo.
2.
Aponte dois
fatores que são causas da desigualdade social existente entre a população
afrodescendente e a branca no país.
Comentários
Postar um comentário
Você é responsável pelo que pensa, fala e escreve.