Diversidade
étnica brasileira
Os povos
indígenas
Quando os
primeiros colonizadores portugueses chegaram ao litoral brasileiro, em 1500, estima-se
que a população nativa do território que hoje é ocupado pelo Brasil era de
cinco milhões de nativos. Essa população era constituída por povos de diversos
grupos étnicos, que integravam distintas sociedades e falavam cerca de 1.300
línguas diferentes.
O processo de
colonização desenvolvido pelos portugueses, primeiro no litoral e
posteriormente em áreas interioranas, resultou na morte de um número muito
grande de indígenas e, dessa forma, no desaparecimento de muitas sociedades
nativas.
Nem todos os
indígenas morreram por causa das lutas que travavam com os colonizadores.
Outros fatores, como o contágio de doenças trazidas pelos portugueses,
incluindo a gripe, o sarampo e a varíola, também foram fatais, já que os
indígenas não apresentavam resistência natural contra esses males.
Atualmente, a
Fundação Nacional do Índio (Funai) estima que a população indígena no Brasil
oscile entre 560 e 650 mil, dos quais 460 mil vivem em terras indígenas,
distribuídas em 215 sociedades, que falam cerca de 180 línguas. A Funai também
registra 63 referências sobre a existência de grupos de indígenas isolados (não
contatados) no país e, além disso, um número expressivo de grupos que requerem
o reconhecimento de sua condição indígena junto ao órgão federal indigenista.
Nas três
últimas décadas, a população indígena que vive no território brasileiro teve
crescimento mais acentuado do que o restante da população brasileira: enquanto
esta cresceu cerca de 1,5% ao ano, a população indígena aumentou em
aproximadamente 3,5% ao ano.
Segundo
muitos analistas, a elevação do crescimento demográfico da população indígena
no país nas últimas décadas é resultado, entre outros aspectos, do
fortalecimento de políticas governamentais direcionadas à melhoria da saúde e
da educação desse grupo, com impacto no declínio da mortalidade.
Terras indígenas
Os povos
indígenas não consideram a terra que habitam apenas uma fonte de recurso para
subsistência, mas também um suporte para sua vida sociocultural e, portanto, um
lugar onde estabelecem suas relações cotidianas e desenvolvem seus
conhecimentos e suas crenças. Isso explica porque a Constituição Federal de
1988 decretou que a preservação da realidade indígena está associada à posse
das terras tradicionalmente ocupadas.
É importante
ressaltar, no entanto, que embora os indígenas detenham a posse de suas terras
e os direitos permanentes de usufruto exclusivo dos recursos nelas existentes,
elas constituem patrimônio da União; sendo, portanto, consideradas bens
públicos de uso especial. Dessa forma, são inalienáveis e de uso exclusivo dos
povos indígenas que detêm a sua posse.
A demarcação
das terras indígenas pela União é um problema que ainda não foi resolvido no
país, pois muitas ainda não são reconhecidas ou estão em fase de
reconhecimento. Muitas delas são palco de constantes conflitos em decorrência
de invasões, especialmente dos agricultores e garimpeiros, que não reconhecem o
direito legal dos povos indígenas de ocuparem exclusivamente essas terras.
O parágrafo
1º do artigo 231 da Constituição Federal, de 1988, define como terras
indígenas aquelas “por eles habitadas em caráter permanente, as utilizadas
para suas atividades produtivas, as imprescindíveis à preservação dos
recursos ambientais necessários ao seu bem-estar e as necessárias à sua
reprodução física e cultural, segundo seus usos, costumes e tradições”.
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Além das
terras ocupadas tradicionalmente pelos povos nativos, existem ainda outras
categorias de “terras indígenas”, entre as quais se destacam as terras
reservadas, denominadas Reservas
Indígenas, áreas concedidas para usufruto desses grupos e que não foram
tradicionalmente ocupadas por eles.
O Parque
Indígena do Xingu, localizado no norte mato-grossense, com 27 mil km2 de
extensão territorial, é um exemplo de Reserva Indígena. Sua criação, em 1961,
tinha o objetivo de delimitar na porção central do Brasil um espaço protegido
para sobrevivência indígena, além de preservar ambientalmente essa área.
O Parque Indígena do Xingu abriga em seu território cerca de 5
mil indígenas de 16 povos (Aweti, Juruna, Kaiapó, Mentuktire, Kalapálo,
Kamayurá, Kayabi, Kuikuru, Matipú, Nahukwá, Mehináku, Suyá, Tapayúna, Trumái,
Txikão, Waurá, Yawalapití) que integram os principais troncos linguísticos
indígenas no país (Tupi, Aruak, Jê e Karib). Ocupa parte da bacia hidrográfi
ca do Xingu e, também, uma grande diversidade de formações vegetais - Mata
Amazônica, Cerrado, Campos etc., a maior parte da população indígena (cerca
de 70%), e quase a totalidade das “terras indígenas” (aproximadamente 98%), estão
concentradas nas Regiões Norte e no Centro-Oeste do país.
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Agora que você leu todo o texto responda as seguintes questões:
1. Durante o período colonial, a grande maioria da população
indígena, de diferentes etnias que viviam no Brasil, foi dizimada. Cite dois
fatores que contribuíram para que isso ocorresse.
2.
O que são as “terras indígenas” e por que muitas delas se
transformam nos dias atuais em “palco de conflito permanente” e, dessa forma,
alvo de preocupação nacional e, mesmo, internacional.
3.
Com base no que você conhece sobre o processo histórico de
ocupação do território brasileiro, explique por que a maior parte da população
indígena está localizada no Norte e no Centro-Oeste do país.
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