As regras de desligamento
dos professores tutores do
Programa de Educação Tutorial
(PET), mantido pela
universidades federais para
estimular a participação dos
estudantes em atividades de
ensino, pesquisa e extensão,
geraram divergências ontem
na Comissão de Educação (CE).
Os professores convidados
criticaram o limite de tempo
de permanência dos tutores.
Desde 2010, segundo portaria
do Ministério da Educação, o
prazo é de seis anos: dois perí-
odos consecutivos de três anos.
Eles reivindicam critérios de
renovação dependente apenas
de avaliação de desempenho,
sem prazo-limite.
O representante do Ministério
da Educação, Vicente de
Paula Almeida Júnior, disse
que o limite de tempo abre a
possibilidade, mediante edital
de seleção, aos professores
ainda não selecionados que
tenham interesse em participar
como tutor do programa,
sem impedir que os desligados
voltem a concorrer.
— A rotatividade é salutar.
O PET funciona tão bem e
é tão valorizado que outros
professores querem ter essa
oportunidade.
Descontinuidade
Para os professores, um dos
problemas em haver prazo é a
descontinuidade nas atividades
dos grupos de pesquisa
e extensão. O presidente da
Comissão Executiva Nacional
do Programa de Educação
Tutorial, João Aristeu da Rosa,
considerou que o ideal é a permanência
do tutor enquanto
estiver realizando o trabalho
de modo adequado.
Hoje, o PET atua com 842
grupos, distribuídos em 121
instituições federais de ensino
superior. Um tutor ganha por
mês um adicional de R$ 2,2 mil
para orientar um grupo de 12
alunos bolsistas e até mais 6
voluntários. O valor mínimo
das bolsas é de R$ 400.
Rosa sugeriu que a decisão
sobre a renovação da tutoria
seja tomada por órgão do
PET, com base em avaliação
anual. Comporia o resultado
a avaliação dos integrantes do
grupo, o relatório de trabalho
apresentado pelo tutor, o planejamento
anual de atividades
que elaborar com o grupo e a
autoavaliação.
Professores também disseram
que, na prática, o tempo
médio de tutoria tem sido de
cinco anos e meio. Por isso,
consideram não haver necessidade
de fixar tempo máximo
para desligamento.
Transição
Em 27 de junho, vencerá o
prazo de permanência dos
tutores de mais de 500 grupos
do PET. Segundo Marcos
Cesar Danhoni Neves, que
representou a Sociedade Brasileira
de Educação Tutorial,
“o desligamento representará
uma mortandade, devido
à substituição atabalhoada
dos atuais tutores por outros
provavelmente sem perfil”.
Vicente de Paula respondeu
que os grupos são institucionais
e continuarão normalmente
as atividades após a
reposição dos tutores.
A audiência foi sugerida
por Ana Amélia (PP-RS), que
também dirigiu os trabalhos.
Diante da controvérsia, a senadora
adiantou que pedirá
uma avaliação do assunto à
Consultoria do Senado e, após
formar uma opinião, a CE
deverá se manifestar perante
o Ministério da Educação.
O presidente da Comissão
Organizadora do Congresso
Latino-Americano Interdisciplinar
do Adolescente, Dante
Barone, abordou as dificuldades
que o PET enfrenta devido
ao corte de recursos. O valor
anual é de R$ 9,6 mil, mas
em 2015 apenas a metade foi
liberada.
Vicente de Paula explicou
que todos os ministérios tiveram
que ajustar os orçamentos
por causa da crise. Ele disse
que estão sendo feitos esforços
para que seja liberado este
ano pelo menos uma das duas
parcelas anuais.
Fonte: Jornal do Senado, Brasília, sexta-feira, 17 de junho de 2016.
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