Pular para o conteúdo principal

A Geografia Escolar na perspectiva do Urbano e da Cidade

Foto: Pixabay / Saigon, Favelas, Ásia


A Geografia Escolar na perspectiva do urbano e da cidade é um título contestável que poderia ser confrontado pela indicação de uma redação diferente, como por exemplo, "O urbano e a cidade no contexto da Geografia Escolar". Essa inversão, aparentemente simples, traz elementos de como a condução dos tratamentos pedagógicos serão ou poderão ser conduzidos. No primeiro caso se trata da Geografia Escolar sob influência da dinâmica do urbano e da cidade e, no segundo, é a cidade e o urbano dentro de uma possível leitura, ou leituras, a partir da Geografia Escolar. Arriscando uma abordagem mais ampla, as duas perspectivas são válidas.

De qualquer modo temos três importantes termos para a compreensão dos seus conceitos no trabalho do professor de Geografia na sala de aula, a saber: o urbano, a cidade e a geografia escolar. Não se pode afirmar a existência de uma definição única para quaisquer um desses conceitos, mas uma definição se faz necessária em virtude dos desdobramentos que as propostas de reflexões didático-pedagógicas nos obrigam a buscar. Assim, a compreensão sobre o que é a Geografia Escolar nos revela que apesar da Geografia Acadêmica e da própria Geografia Escolar serem estruturações de um mesmo campo científico, com forte aproximações, essa relação não é de identidade. Colocando em aspectos práticos vale a afirmação de que a Geografia Escolar não é uma simplificação da Geografia Acadêmica no ensino básico, pois a ela, reconhece-se uma construção própria.


A Geografia Escolar existe pelo fato da relação pedagógica entre o professor desta disciplina
e a existência da própria instituição de ensino que por definição legal se realiza no âmbito do Ensino Básico. Cavalcanti (2008) faz as seguintes observações sobre a Geografia Escolar

1. a geografia escolar não se identifica com a geografia acadêmica, ainda que não possa dela se distanciar; ela é referência fundamental, é fonte de sua legitimidade;

2. a geografia escolar não é a geografia acadêmica estruturada segundo critérios didáticos e
psicológicos, ainda que estes também sejam referenciais importantes. Com base nesses
critérios, constrói-se o saber geográfico a ser ensinado, estabelecendo em cursos de formação acadêmica, nas diretrizes curriculares, nos livros didáticos, o que não é ainda a geografia escolar;

3. a geografia escolar é o conhecimento geográfico efetivamente ensinado, efetivamente veiculado, trabalhado em sala de aula. Para sua composição [...] concorrem a geografia acadêmica, a geografia ‘didatizada’ e a geografia da tradição prática. Essa composição é feita pelos professores no coletivo, por meio do conhecimento que constroem sobre a geografia escolar. Esse conhecimento é extremamente significativo na concepção de que conteúdos da matéria ensinar. Nele têm papel relevante as crenças adquiridas no plano do vivido pelo professor como cidadão; o conjunto de concepções, crenças adquiridas na vida, incluindo aí a formação profissional universitária (a inicial e a continuada); as práticas sociais, as práticas de poder e a prática instituída na própria escola. (CAVALCANTI, 2008, p. 27-28).

As concepções teóricas da geografia no mundo contemporâneo, como parte da visão do mundo globalizado, Cavalcanti (2008, p. 16-17) considera a urbanização outra característica relevante, definindo as cidades de hoje como “locais complexos, que abrigam grande parte da população” para a autora as cidades “são expressão da complexidade e da diversidade da experiência humana, da história humana”. Assim, a relevância do estudo da cidade e do urbano no contexto da geografia escolar pode ser abstraída das ideias de autores como Callai (1988), Schäffer (2001) e Bado (2009). Outro entendimento que nos ajuda a desenvolver um alicerce pedagógico para essas discussões temáticas é considerar que a cidade inicialmente pode ser vista como o lugar do acontecer solidário (SANTOS, 2008, p. 166).

Nesse sentido fica evidente a importância do estudo do local, entendido aqui como o bairro, a cidade, ou o município, a própria compreensão desses conceitos e suas espacialidades são importantes na formação do pensamento geográfico escolar.

Referências:

BADO, Sandra Regina de Lima. Desafio da geografia: a cidade como conteúdo escolar no ensino médio. Porto Alegre: UFRGS/PPGEA, 2009. Tese (doutorado) disponível em <http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/16657/000704137.pdf ?sequence=1> Acesso em: 26/02/2011.

CAVALCANTI, Lana de Souza. A geografia escolar e a cidade: Ensaios sobre o ensino de geografia para a vida urbana cotidiana. Campinas: Papirus, 2008.

SANTOS, Milton. A natureza do espaço: Técnica e tempo, razão e emoção. 4. ed. São Paulo: Edusp, 2008.

SIQUEIRA, Santiago Alves de. A cidade, o urbano e a geografia escolar : reflexões a partir de práticas pedagógicas no ensino fundamental de Florianópolis/SC. Florianópolis, 2012.

SCHÄFFER, Neiva Otero. A cidade nas aulas de geografia. In: CASTROGIOVANNI, a. c.; callai, H. C.; SCHÄFFER, N. O.; KAERCHER, N. A.; (Org.). Geografia em sala de aula: práticas e reflexões. 3ª ed. Porto Alegre: ed. da UFRGS/AGB, 2001.


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Mapa-múndi - continentes e oceanos

 

Fuso Horário

FUSO HORÁRIO Cada um dos vinte e quatro setores esféricos em que se considerou dividida a superfície terrestre. Cada fuso horário é delimitado por dois semimeridianos que distam entre si 15°. Dentro de cada fuso horário convencionou-se existir a mesma hora (hora legal). Sempre que é necessário o traçado dos fusos é alterado, respeitando as fronteiras dos países, para que exista uma só hora dentro de cada estado. A Terra tem 24 fusos horários. O Meridiano de Greenwich (0°) é o marco inicial. Tendo Greenwich como referência, as localidades a leste apresentam horas adiantadas e as localidades a oeste registram horas atrasadas em relação a ele. Fuso Horário no Brasil O território brasileiro, por se encontrar no hemisfério ocidental, possui o seu horário atrasado em relação ao meridiano de Greenwich. Além disso, em razão de o país possuir uma ampla extensão (leste-Oeste), seu território é dividido administrativamente em quatro fusos horários, cuja demarcação oficia

Mapas mundi para usos múltiplos

Os trabalhos com mapas nas aulas de geografia são bastante importantes e a cartografia é uma linguagem já consolidada no auxílio das explicações geográficas, climatológicas e geológicas realizadas nas mais variadas situações didáticas. Neste post disponibilizo alguns mapa mundi com que o professor de geografia pode utilizar nas mais variadas situações de aprendizagens. O primeiro mapa é o mapa mundi político em preto e branco com possibilidades de usos diversos, como por exemplo, divisão em continentes, países centrais e periféricos, etc. O segundo mapa mundi possui tema específico para se trabalhar as coordenadas geográficas, sendo possível elaborar jogos para melhor compreensão desse contúdo e, por fim, o terceiro mapa mundi trata-se de um mapa mudo onde é possível trabalhar vários temas de acordo com o conteúdo selecionado. Este é um mapa que pode ser aberto em um editor de imagem (como o Paint do Windows) para preencher cada país com a cor que desejar. Caso você te