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O fragmento abaixo foi extraído de APPLE, Michael W. Ideologia e currículo. Tradução Vinicius Figueira. 3. Ed. Porto Alegre: Artmed, 2006. p. 71.
Nosso sistema econômico está organizado de uma forma que pode criar apenas uma certa quantidade de empregos e ainda manter alto lucro para as empresas ou corporações. Na essência, o aparato econômico estará na sua condição mais eficiente quando houver um índice de desemprego de aproximadamente 4 a 6% (embora saibamos que esse índice é notoriamente impreciso, e ao qual devemos também acrescentar a questão de índices bem mais altos para os negros, além de altos níveis de subemprego e de trabalho não-remunerado se considerarmos as muitas mulheres que atuam como donas de casa). Oferecer trabalho útil a esses indivíduos requereria um corte para taxas aceitáveis de retorno financeiro e provavelmente exigiria pelo menos a reorganização parcial dos assim chamados “mecanismos de mercado” que rateiam os empregos e os recursos. Por causa disso, não seria errado usar uma metáfora para descrever nosso sistema econômico como gerador natural de níveis especificáveis de subemprego e de desemprego*. Podemos pensar nesse modelo como aquele que é primeiramente voltado à maximização da produção de lucro e apenas secundariamente com a distribuição de recursos e de emprego.
* Andrew Hacker, “Cutting Classes”, New York
Review of Books, XXIII (maio, 1976), p. 15. Hacker observa que, em uma situação
de empregabilidade total, nossa economia pode usar, de modo profícuo, apenas
cerca de 43% da população que esteja na faixa etária de trabalho. Não é
lucrativo usar índice superior. “As pessoas que integram os 57% restantes, ou
parte delas, tornam-se donas-de-casa, estudantes universitários ou aposentam-se
com pensões modestas. Outros, no entanto, são obrigados a viver na pobreza,
pois o sistema econômico não lhes oferece alternativas.”
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