Li uma notícia de que escolas americanas estão oferecendo aulas
para ensinar alunos a separar as notícias falsas das verdadeiras e que um
projeto de lei na Califórnia quer tornar essa uma disciplina obrigatória.
Sobre essa questão de criar mais uma disciplina para o currículo
escolar sugiro a leitura de António Nóvoa sobre o transbordamento escolar,
texto esclarecedor sobre a temática de inchaço das/nas escolas com temas que
não necessariamente deveriam ser de competência exclusiva das instituições de
ensino.
Na escola é possível e necessário discutir vários temas, este inclusive, para isso é possível criar um
fórum na escola para se refletir sobre o assunto, criar eventos que possam dar condições para se ampliar essa discussão, mas isso deve ser uma decisão da escola e não do legislativo. Não fiquem legislando sobre o que
a escola deve ou não desenvolver em seus currículos, essa é uma competência do
professor, uma competência das escolas.
Sobre a questão
das notícias falsas, não há dúvida que se trata de uma discussão importante e a
escola que (em tese) trabalha com o conhecimento historicamente produzido deve
sim estar atenta ao que é difundido nas mais variadas mídias, mas o que causa
estranhamento é o fato da disseminação de que as notícias falsas possuem uma
fonte quase que exclusiva, as redes sociais ou de forma mais alargada, a
internet.
Um olhar menos atento, pode ter uma impressão equivocada. A impressão que se passa (ou que se quer
passar) é que mídias tradicionais como revistas e jornais além, é claro, da
televisão estariam isentas do risco (ou da intenção) de produzir as chamadas
notícias falsas.
O grande paradoxo é que essa é outra notícia falsa. Nenhuma mídia
está isenta de apresentar (involuntária ou voluntariamente) uma notícia falsa e
a história recente da mídia nacional brasileira deixa isso muito claro. Há
muitos exemplos de parcialidade no meio jornalístico nacional.
Em sala de aula
Como fazer a seleção ou como estabelecer um bom “filtro” sobre as
notícias que nos chegam a todo o momento?
Essa não é uma tarefa fácil, mas algumas medidas podem ser tomadas
para que as reproduções de notícias falsas não sejam tão frequentes e a
primeira delas é estabelecer um conjunto de fontes confiáveis. Essa seleção
demanda tempo e uma leitura crítica de todo o conteúdo disponibilizado,
trata-se do estabelecimento de uma relação de confiança que o leitor estabelece
em relação ao produtor de conteúdo.
As chamadas fontes primárias podem ser consideradas as melhores,
pois essas fontes estão menos susceptíveis de contaminação por interpretação de
terceiros, chegando ao consumidor de conteúdo de forma mais direta.
Um exemplo de fonte primária poderia ser dado utilizando a
constituição do país. Ao invés de ler ou ouvir uma notícia sobre um determinado
direito que todo o cidadão possui por intermédio de uma emissora de televisão,
por exemplo, vá direto à fonte e tire suas próprias conclusões.
Outro exemplo de fonte primária pode ser os sites governamentais,
os diários oficiais, etc. são eles os responsáveis por divulgar as primeiras
notícias sobre o que ocorre, de fato, dentro de um determinado governo.
Diga-me o que você lê e eu te direi quem és.
E você caro leitor, já recebeu uma notícia falsa que
acreditou, num primeiro momento, ser verdadeira? Já divulgou uma notícia sem
saber que se tratada de uma notícia falsa? Você já sofreu com uma notícia
falsa? Quais são suas principais fontes de informação?
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