🇧🇷 O Compromisso no Papel: A Crítica ao Dia Nacional da Criança, Adolescente e Educação


​O Dia Nacional do Compromisso com a Criança, o Adolescente e a Educação, celebrado em 21 de novembro, surge como uma data de nobre intenção: reafirmar a prioridade da educação. Contudo, em uma análise crítica, essa comemoração se torna um espelho das contradições do sistema educacional brasileiro, onde a realidade na sala de aula está distante do compromisso proclamado na lei.

​🍎 O Abandono da Sala de Aula

​O peso desse "compromisso" recai, principalmente, sobre o professor, a peça central do processo. O que se observa, todavia, é uma crônica da dificuldade:

  1. Salas de Aula Lotadas: A realidade de turmas superlotadas impede a atenção individualizada, transformando a prática pedagógica em uma gestão de crises e burocracias, e não em um processo de ensino-aprendizagem significativo.
  2. Desvalorização Crônica: A luta por salários dignos, infraestrutura mínima e condições de trabalho decentes é uma constante, dificultando a atração e retenção de talentos na carreira docente.

​📜 Políticas que Desviam o Foco

​O cerne da crítica reside na implementação de políticas educacionais que falham em refletir as reais necessidades da diversidade estudantil brasileira.

  • Autonomia Pedagógica Sufocada: A ênfase exagerada em avaliações externas em massa (SAEB, Prova Brasil e outras) restringe a autonomia do professor. O currículo se submete à lógica do teste, e não ao desenvolvimento integral e contextualizado dos estudantes. O professor é coagido a "ensinar para o teste", perdendo a liberdade de adaptar o ensino à realidade única de sua turma.

​💰 O Desvio do Recurso e o Mercado das Avaliações

​Um dos pontos mais sensíveis é o desvio de recursos essenciais. O investimento maciço em logística, aplicação, correção e rankeamento dessas avaliações externas gera um ciclo vicioso:

  • Dinheiro Desperdiçado: Milhões que poderiam ser aplicados na valorização imediata dos professores, na qualificação da infraestrutura escolar ou na formação continuada de qualidade acabam sendo canalizados para grandes grupos empresariais e consultorias ligados ao mercado de avaliação.
  • Baixo Retorno Pedagógico: Embora as avaliações sejam importantes para dados gerais, o modelo atual frequentemente oferece pouco ou nenhum retorno prático e imediato que beneficie o aluno ou qualifique diretamente o trabalho do professor em sala. Os recursos, em vez de serem injetados na ponta do processo (o aluno e o professor), são apropriados por um sistema que pouco ou nada melhora a educação das crianças e adolescentes brasileiros.

​Em suma, o Dia Nacional do Compromisso com a Educação deve servir não apenas para celebrar, mas para cobrar. O verdadeiro compromisso exige mais do que uma data no calendário: requer investimento direto na docência, redução imediata do número de alunos por sala e uma revisão urgente das políticas de avaliação que hoje servem mais aos interesses do mercado do que à formação plena dos futuros cidadãos do Brasil.


A origem do Dia Nacional do Compromisso com a Criança, o Adolescente e a Educação, comemorado em 21 de novembro, é de natureza legislativa federal no Brasil. Esta data foi instituída pela Lei nº 12.685, de 18 de julho de 2012. O projeto que deu origem à lei (originalmente o PLS nº 306/2009 no Senado Federal). A motivação principal era a necessidade de a sociedade brasileira assumir um compromisso urgente e pleno com os direitos da criança e do adolescente, especialmente o direito à educação de qualidade, reconhecendo-os como sujeitos de direitos e pilares de uma nação civilizada. Portanto, a data existe por força de uma lei federal brasileira que visa reforçar a importância da proteção e da educação para esse segmento da população.


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